22 de setembro de 2010

Uma Última Vez

Numa das primeiras postagens que fiz, publiquei um pequeno poema de minha autoria. Publico novamente devido a sua perfeita tradução da situação em que nos encontramos. Os ecos dissonantes fecham pra sempre, foi ótimo enquanto durou, mas agora precisamos nos dedicar aos sonhos sonhados. Deixo também publicado um vídeo que representa o momento mais marcante nesses dois anos.Acho que a idéia de expor nossas idéias e assim, criar algum debate, foi bem sucedida.Obrigado a todos os que comentaram e divulgaram. O blog ficara online por um tempo, flutuando bela web....adeus, até breve e cheers

"A invenção do amanhã
Ficará para depois
Até resolvermos hoje
O que sonhamos ontem."                         

                                           03/08/08



3 de julho de 2010

Escorpiana

Sentado em inteiro desanimo, observava o cronometrado avançar das estações na espera de que a próxima fosse a minha. Não percebi a sua entrada,somente quando se inclinou a frente para mexer em sua bolsa, somente quando seu formidável traseiro se pois bem em frente a minha cara , foi que a percebi. Sentou-se em seguida e meus olhos encontraram os seus por uma fração de segundos,não agüentei e logo desviei tamanha energia. Era uma escorpiana, só podia ser, com aqueles olhos azuis magnéticos.De relance percebi que ainda me olhava, seus lábios formavam um pequeno sorriso, cínico. Seu corpo abundante era coberto por uma mini saia preta e uma camisa vermelha escarlate,bem justa e apertada. Era uma escorpiana, só podia ser.
Tentava controlar o incomodo que tomava meu corpo, olhava para todos os lados,para o teto, para o chão, observava todos os sapatos contidos naquele vagão, mas não ousava encará-la.Não observava, mas sentia que era observado.O tempo passava, e o desconforto só aumentava. A próxima estação foi anunciada, finalmente era a minha e respirei aliviado.Coloquei-me bem em frente à porta, queria ser o primeiro a sair daquele ambiente claustrofóbico.Pouco antes de o trem parar senti alguém se aproximando lentamente, era você postada logo atrás, podia ver pelo reflexo na porta. E somente nesse momento te encarei, olhei dentro dos seus olhos, através do reflexo do vidro. Você não desviou, me olhou provocativa. O sinal da porta tocou, e você se projetou para frente, apertou minha bunda e sussurrou em meus ouvidos: “seu frouxo”. As portas do vagão se abriram, você saiu, eu estático permaneci, até que as portas novamente se fechassem.

26 de junho de 2010

A luz vermelha do relógio segue implacavelmente marcando minuto a minuto o tempo que passa em mais uma manhã de um dia qualquer, que transcorre normalmente, com jovens deprimidos rumando para a escola ,casais acordando de uma noite de amor e trabalhadores amontoados em trens lotados. A manhã prossegue rotineira, mas eu não consigo me levantar.Meus olhos ardem a cada vez que os abro para conferir o tempo do relógio.Meu corpo dói toda vez que busco uma nova posição.A melhor é a fetal, onde permaneço agora imóvel, com os olhos semicerrados, encarando o relógio, que ao contrario de mim insiste em continuar. Meus pensamentos agora fluem contra a minha vontade. Vôo longe, penso em Dachau, em Soweto, em Gaza.,penso em trens lotados de sonâmbulos, fantasmas e almas desalmadas.A luz vermelha do relógio segue implacavelmente marcando minuto a minuto o tempo, porém o meu já expirou , não consigo me levantar.

20 de junho de 2010

Nonada

Andava por aí, de um lado para o outro como alguém perdido , porém como é comum aos perdidos não andava por aí de um lado para o outro a procura de alguma coisa.Não andava a procura de nada, pois sabia que nada estaria a altura da minha procura.